segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Casa Band-Aid









Poderia iniciar agora mais uma série, "mamãe sou arquiteta..." mas acho que essa casa não cabe em série nenhuma. Passo por ela todos os dias, quando estou perto da janela, inevitavelmente fico olhando e sem mais nem menos descubro sempre alguma coisa nova e surpreendente.
A primeira vez que reparei nela, foi por causa do "Cata-vento" que na verdade tem outro nome que eu não me lembro qual é. Ele me lembrou um livro que li quando tinha uns 13 anos e chamava-se "Anarquistas, Graças a Deus" que é da Zélia Gattai que é a mulher do Jorge Amado e que quando pequena morava na Alameda Santos na única casa da rua que tinha um desses "Cata-Ventos". É um livro de memórias que de certa forma reconstitui uma São Paulo que eu nunca vi e hoje em dia fuçando meu baú cerebral acho que ele contribuiu para essa mania que tenho de memória e coisas velhas.

Depois, passado o encantamento com o "Cata-Vento" comecei a reparar na quantidade de materiais de acabamento usados nela em alguns pontos e na falta dos mesmos em outros lugares da casa. É uma casa-remendo, uma área descoberta que vira quarto, o telhado da loja vizinha que vira palco para a menininha que dança aos finais de semana, a caixa de correio toda colorida etc. E eu penso em quantas garotinhas dançam na laje da própria casa enquanto o avô faz alguma melhoria no acabamento da casa e no quanto as pessoas gostam e precisam disso. É o azulejo que imita porcelanato e o porcelanato que imita mármore, que imita madeira e assim por diante até o infinito. Quando volto para casa, eu sei que não a acho bonita e nem harmonica, não vejo qualquer senso estético nela mas as vezes me dói o coração de pensar que se algum fiscal da prefeitura passar por ela vai aumentar e muito o IPTU. Mas enfim, isso é só uma das coisas que ocupam a minha vida.

Um comentário:

Anônimo disse...

seu texto salvou a casa.