quinta-feira, 6 de abril de 2023

Vamos ver o que vem por aí...

Antes que o ChatGPT ocupe toda a internet, minha mente e minha capacidade de escrita, resolvi vir aqui depois de muito tempo pra dizer que assim como em outros anos talvez esse não seja o meu ano. 
Essa conclusão veio cedo, em março/abril, mas ela veio.

É horrível ter 41 anos e chegar a essa conclusão, mas junto com a idade vem também a conclusão de que somos o que dá para ser e no caso dos anos, eles também. São o que dá para ser.

Não significa que os próximos não sejam os meus anos, ou até que nos próximos meses tudo mude para melhor, mas os 41 anos também já mostraram que milagres não acontecem. Muito embora eu tenha levado bastante tempo para acreditar nisso e de certo modo isso tenha me salvado muitas vezes. 

A coisa boa de tudo isso chama-se Alice. Ela agora come maçã e mexerica, conversa sobre desenhos, palavras, massinhas de EVA e inventa músicas e danças no melhor estilo contemporâneo. Ela é autêntica e perfeita dentro do seu universo de criança e eu só consigo ser uma mãe apaixonada e embasbacada com a imensidão dela. 

Dia desses eu li um livro chamado Indomável, é uma coisa autoajuda, "feminista", neoliberal para engajar mulheres que precisam resgatar seu lado indomável, mas não muito senão você  só é  uma doida. Eu certamente não precisava dessa leitura, ser indomável só me trouxe a essa crise existencial aos 41 anos. Mas o que eu queria falar sobre esse livro é que logo no início ela comenta sobre um animal criado em cativeiro, com todo o seu instinto suplantado pelo treinamento de uma vida limitada, e vai traçando um paralelo de como meninas são educadas para esconderem seu lado 'indomável' e como isso se reflete ao longo da vida. Agora corta para a Alice conversando com a melhor amiga por chamada de vídeo, no dia da ligação a amiga não iria para escola pois estava doente, no momento que a Alice soube, largou o telefone e foi embora. Primeiro eu tive vergonha e depois eu tive inveja, queria poder fazer isso em vários momentos da vida. 

Pode ser que ela seja indomável pela vida inteira ou só aos quatro anos. Pode ser também que eu seja essa mãe quase indomável, desesperada para fazer dar tudo certo pela vida toda ou só nessa fase. É como diz o meme, vamos ver o que vem por aí não dá para saber ainda.

De certo mesmo só tem o fato de que serei mãe dela para sempre e isso já é tudo para mim. 



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