sábado, 11 de dezembro de 2021

Mãe de Quarentena

Acho que uma das frases que eu mais falei esse ano foi "Ah, ela é criança de quarentena, não tá acostumada com muita gente."

A volta ao mundo real, social, a entrada na escola balançou as estruturas por aqui. E eu vi meu maternar escancarado em uma adaptação escolar que durou longos 1 mês e meio. E isso desencadeou muita coisa aqui dentro da minha cabeça.

Colocando os pingos nos 'is' a verdade é que:

- A Alice é uma criança de quarentena e principalmente, eu e meu companheiro, somos pais de quarentena;
- A minha maternidade sendo analisada, é mais uma viagem egocêntrica minha do que real. Quem analisa de fato as coisas é minha terapeuta e ponto. O resto do mundo deve olhar e pensar "pais" e cabô. 

Dito isso, eu vou voltar e contar que sofri demais com a ideia de que as pessoas pudessem não gostar da Alice como eu gosto. E a realidade é que ninguém vai gostar dela como eu e o pai gostamos. E sim, é menos sobre mim e minhas expectativas e muito sobre ela. 

A outra parte também vem do fato de que em todo esse 'imbróglio' de adaptação eu entendi que não dá pra ficar se justificando pra todo mundo o tempo todo. Nem pra filha, nem para os pais, para estranhos, para amigos etc. 

Alice agora chora fazendo manha e eu deixo chorar. Em qualquer lugar. Alice não cumprimenta as pessoas que ela nunca viu, ou que viu apenas uma vez, eu deixo rolar. 

Não acho que meu papel seja 'deixar rolar tudo', se ela não cumprimenta os avós ou meus amigos, puxo num canto e converso. Mas se é um estranho que nunca mais verei, fico quieta. Não sei se estou sendo complacente demais, mas acho que ando escolhendo as minhas batalhas. Pois, assim como toda a população mundial eu tô exausta.

Dito isso, estou exercitando (e só aprendi isso no último mês) a escuta. Falando menos, escutando mais e tirando de mim a 'obrigação' - que minha cabeça inventou, de que tenho que resolver o problema, que em nenhuma hipótese vou conseguir resolver. 

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