Dia desses me bateu uma síndrome da impostora na maternidade. Uma certeza absoluta de que em algum momento eu serei descoberta como uma péssima mãe.
Talvez porque eu seja a mãe que brinca arrumando as coisas, que não está vivendo o momento presente da brincadeira 100% do tempo e que fica feliz quando consegue umas horinhas sozinha.
Eu vejo o Bruno brincando com a Alice e ele é tão melhor do que eu na criatividade. Nas minhas brincadeiras eu tô sempre tentando educar, dar uma moral na história, construir uma narrativa.
Depois de um tempo eu penso no Winnicott e me perdoo por ficar feliz quando eu consigo tirar o esmalte. Mas vivo no dilema de aproveitar todos os momentos e ficar exausta de tentar aproveitar tudo.
Eis que terminei um livro ótimo chamado Olive Kitteridge. Em um dado momento do livro quando o filho da Olive tá casando ela olha pra noiva e pensa que ela não conhece o filho dela de verdade, ela não o viu quando ele teve urticária, não sabe que ele tinha medo de ir pra escola etc e tals e por isso, será que ela vai ser boa pra ele?
E eu fico olhando pra Alice e anotando mentalmente as descobertas dela e pensando que só eu presenciei quando ela descobriu o prazer que é lamber os dedos quando a mão suja de iogurte ou no corpinho todo pulando de felicidade quando todos nós vamos juntos dar uma volta na pracinha. E será que as coisas vão dar certo pra ela? E será também que eu não estou perdendo tempo pensando tudo isso quando eu deveria ser mais tranquilona?
Bom, pra isso que eu pago terapia todo mês né? Pra me acostumar com o fato de que a vida e as pessoas nem sempre serão boas pra/com ela.😔
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