quarta-feira, 28 de novembro de 2018

O Morro do Castelo

Para saciar toda minha capacidade de procrastinação (mesmo tenho 1 milhão de coisas para fazer), vamos com um último texto, sobre arquitetura.

Dia desses fui numa exposição do Paulo Mendes da Rocha no Itaú Cultural e por lá tinha uma declaração dele falando sobre a belíssima obra de engenharia que foi a "demolição" do Morro do Castelo, um dos pontos de fundação da cidade do Rio de Janeiro. Conforme a cidade foi crescendo o Morro do Castelo começou a 'atrapalhar' a circulação dos ventos, o escoamento da água e a circulação de um modo geral, desse modo em 1922 foi feita a obra de arrasamento. Suas terras foram usadas para aterrar parte da Urca, da Lagoa Rodrigo de Freitas, do Jardim Botânico e outras áreas da Baía de Guanabara. Terra a dar com pau.

E foi justamente essa obra que o PMR elogiou. E me foi explicado, em linhas gerais, que para o arquiteto a natureza e a arquitetura vivem em um embate e uma obra dessa mostra a 'força' do homem diante da natureza. Ah gente, sabe. Eu fiz arquitetura depois que vi, na TV Cultura, uma matéria em que o Paulo Mendes explicava sobre a restauração da Pinacoteca e eu aos 16 anos queria ser ele, sabe?! Depois descobri o Flávio de Carvalho e a Lina Bo Bardi e queria ser eles também. Mas enfim, meu objetivo era trabalhar com restauração e tudo o mais. Aí vem essa notícia de que para ele vai mais a beleza do embate entre arquitetura x natureza do que o local de fundação de uma cidade e pronto, meu mundo caiu.

Tudo bem que o mundo não é maniqueísta, que as pessoas são múltiplas etc e tals e que isso não muda em quase nada a grandiosidade do arquiteto, mas eu - fruto de uma geração hedonista e que se acredita especial, fiquei chocada.

Para finalizar esse meu embate psicológico, dia desses estive na Pinacoteca e achei o quadro abaixo e que me fez colocar no "papel" toda a minha piração com esse tema.

"Reminiscência do Morro do Castelo" de João Batista da Costa



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