sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Minha São Silvestre

Estou desde o dia 31 de dezembro para escrever sobre esse case da minha vida e dissertar como foi uma experiência antropológica e antropofágica.

E já que ainda estamos em janeiro, vamos lá. 

A prova era as 09h00. Fui com a minha irmã que ficou de passar aqui às 07h30. Acordei às 05h30, me troquei, tomei café, fui ao banheiro e fiz todo o xixi que podia fazer. Pensando me poupar paradas durante a corrida. Fiz todo o processo em 40 minutos e fiquei o resto do tempo esperando. 

Minha irmã chegou. Meu marido acordou 20 minutos antes de eu sair, me deu um beijo de despedida e eu entrei no carro e senti vontade de fazer xixi. 

Cheguei na praça ao lado do Trianon e fiz xixi no banheiro do estacionamento. Que tinha uma fila imensa, com mulheres falando sobre a prova. Julguei todo mundo, porque é isso que faço quando estou com medo e depois esqueci que estava julgando e fiquei de papo com uma mulher que elogiou meu tênis. 

Antes de sair para a Paulista, fiz um aquecimento com a equipe de corrida da minha irmã. As palavras da treinadora foram essenciais. E eu, mestra-mor no dispersar, concentrei na fala dela e segui a risca todos os conselhos. 

08h40 subimos para a Paulista. Um mar de gente. Grande parte fantasiada. A primeira coisa que percebi era que a pulseira que ganhei com o kit não servia para nada, tinha muita pipoca. 

09h00 começou a prova. Ninguém corria perto de mim, ficamos na caminhada até umas 09h20/09h30 e quando chegamos na Dr. Arnaldo aí sim começamos a correr. E eu não sabia se corria, se segurava o xixi (sim, tive que parar de novo), se prestava atenção no povo dando tchau, ou na minha irmã me avisando sobre os buracos. Não me lembro em que momento decidi concentrar. Mas concentrei, primeiro na dor, depois no sol, depois no cansaço e depois desliguei o som e aproveitei a calmaria e só escutei o som a pisada da turma correndo e isso, é o mais legal da prova de rua. Além, claro, do pessoal dando tchau. 

Dali em diante alternei cansaço com ensinamentos dos treinos funcionais durante o ano, principalmente sobre a respiração, tipo de pisada, braços e postura. Até que, cheguei na Brigadeiro. 

Passei todos os meses que antecederam a corrida com preguiça do povo que tocava o terror na Brigadeiro. E pensava, "Meo, é uma subida e ponto. Tem medo? N ão faz a prova". Quando entramos na famigerada, o povo começou a gritar: "Vem Brigadeiro, vem Brigadeiro" e quando eu vi eu tava gritando junto e partindo pra cima dela como se fosse uma briga - a loka. Mas no meio já estava me sentindo A derrota, puta comigo por talvez não ter treinado o suficiente de subida, por ter subestimado o "adversário" e por ter inventado 'saporra' de corrida. Tanto que tropiquei em mim mesma, cai e pensei "fodeu, serei pisoteada". A sorte é que embora eu seja o puro creme do drama, sempre tem uns anjos que me salvam e um gigante me levantou de uma vez só e eu só agradeci, respirei e continuei correndo. 

Completei a prova no tempo esperado, 1h40, ganhei várias bolhas, uma medalha e um lanchinho bem furreca. Ganhei também umas estrelas no meu caderno imaginário e terminei o ano dando um check na lista de desejos, gostando mais ainda dos réveillons em SP e me achando uma pessoa muito boa (o que não é comum no meu "modus operandi").

Um comentário:

bittarpoeta disse...

Gostei,gostei muito!