sexta-feira, 15 de maio de 2015

As capas da Elle

Eita capa que rendeu e está rendendo. Na minha cabeça e em alguns sites que acompanho. 

Tem tanta coisa para falar que é melhor ir por partes, senão eu me perco \o/. 

Comecemos pela capa que é um espelho e que de inovadora não tem nada. A Time fez uma capa nesse estilo em dezembro de 2006 (tsá?! Essa informação me foi dada pelo Bruno Pugens, pessoa que nasceu para trabalhar na área)

Mas tudo bem que a capa não é tão inovadora assim,  ela é ousada para uma revista de moda. Vamos comprar, afinal de contas tem a Jout Jout na chamada de capa e uma promessa de reportagem incrível sobre a pluralidade do ser humano. Depois de 50 páginas de anúncio, me deparei com uma matéria de duas folhas falando o óbvio sobre a Jout Jout e um editorial de moda com mulheres de diferentes estilos, cor, tamanho etc e tals. FIM. 

Criei expectativas demais, pensando que talvez a Elle fosse se redimir de todas as dicas de moda no estilo: saia lápis não fica bem para quem tem bumbum grande, tomara que caia para quem seios fartos é um perigo, se você é baixinha fuja das saltos assim e assado. Enfim uma sucessão infinda de "tenha o corpo de uma modelo e seja feliz - só assim, tá?"

Mas não foi dessa vez. Ok.

Agora vamos para a capa do ipad, que traz uma blogueira 'plus size' (agora vem o parênteses sobre esse termo gourmet para dizer que a pessoa é gorda. Gorda(o) é um adjetivo que tornou-se pejorativo ao longo dos anos, a partir do momento em que ser magro tornou-se um dos princípios da beleza física, mas para mim a famigerada palavra é a forma mais verdadeira e humana de falar que uma pessoa está acima do peso e ponto) sem retoques, toda linda e maravilhosa. 

E agora vem as outras partes que quero falar:

A blogueira da capa é a Ju Romano, ela não tem nada de diferente de nenhuma outra blogueira 'truth'. Começou com um blog despretensioso, falando sobre coisas legais do universo dela, conquistou público e hoje vive de arrobas. Eu, não concordo muito com isso de arrobas, mas isso é assunto pra outro post. Mas o que importa é que ela prova que é possível vestir-se bem, sendo gorda. Que é possível usar a peça da estação, mesmo tendo a canela grossa. Enfim ela democratiza a moda para pessoas gordas, coisa que nenhuma das revistas de moda faz. 

Em vários lugares li comentários e postagens fazendo um "alerta" contra esse tipo de capa, pois estimula as pessoas a descuidarem do corpo e gordura não faz bem para a saúde. Sim, gordura demais não faz bem para a saúde, assim como gordura de menos também não faz. A capa não é para estimular a obesidade mas para estimular a aceitação de si mesmo com o corpo que temos e que é o único que teremos por toda vida, com defeitos e qualidades (não que isso não seja um processo longo e árduo)

Rola também a interpretação de que é uma ode exclusiva à beleza e que nem todas as pessoas são bonitas. Na boa, nem todo mundo corresponde ao ideal de beleza grego, nem todos tem o rosto simétrico (isso me inclui), mas todos são bonitos sim. Eu, no meu momento mais pollyannístico da vida, acho que todo mundo carrega em si qualidade que lhe conferem charme e beleza sim. Pode ter nariz grande, pode ter olho caído, pode ter sobrancelha desenhada a giz de cera, com certeza a pessoa em questão tem 'n' qualidades que a tornam bonita e no caso desta capa minha interpretação é essa. 

É isso. 

ps: essa música aqui, embalou todo texto. 

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