quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Segura essa onda. Ou como fazer dar tudo errado quando está dando certo.

Ilustração: Cynthia Gyuru

Dentro de mim mora uma pessoa que tem muito medo da felicidade, cujo lema de vida é "Dia de muito, véspera de pouco." Desse jeito realizar sonho é presságio que algo muito ruim vai acontecer. E é mais fácil conviver com o muito ruim, por puro costume. 

Impossível não pensar nas aulas de literatura parnasianista em que a vida tem que ser tranquila, sem grandes emoções, sem grandes decepções. Mas como querer ser parnasiana quando se tem uma alma romântica, barroca, exagerada e o diabo?

A única possibilidade que via era criar mundos trágicos, doenças e maus presságios que aos poucos minavam sua felicidade, aprofundavam suas olheiras e a pegava de jeito quando estivesse não pensando em nada. E criavam uma angústia, um nó no peito e por vezes uma taquicardia incontrolável. 

Se soubesse o porquê de tudo isso, ótimo. O manual imaginário da vida prática lhe diria: para cada problema uma solução. Mas para este problema específico, que não sabia nem qual era direito só sabia o que lhe fazia sentir, não enxergava solução. E quando dava conta já estava fritando por aí, como aquele apertinho no peito e um nó na garganta. 

Deve ser químico. Deve ser mágico. Deve faltar um parafuso. 






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