Ilustração: Cynthia Gyuru
Impossível não pensar nas aulas de literatura parnasianista em que a vida tem que ser tranquila, sem grandes emoções, sem grandes decepções. Mas como querer ser parnasiana quando se tem uma alma romântica, barroca, exagerada e o diabo?
A única possibilidade que via era criar mundos trágicos, doenças e maus presságios que aos poucos minavam sua felicidade, aprofundavam suas olheiras e a pegava de jeito quando estivesse não pensando em nada. E criavam uma angústia, um nó no peito e por vezes uma taquicardia incontrolável.
Se soubesse o porquê de tudo isso, ótimo. O manual imaginário da vida prática lhe diria: para cada problema uma solução. Mas para este problema específico, que não sabia nem qual era direito só sabia o que lhe fazia sentir, não enxergava solução. E quando dava conta já estava fritando por aí, como aquele apertinho no peito e um nó na garganta.
Deve ser químico. Deve ser mágico. Deve faltar um parafuso.
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