sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

do esquecimento.

Era fascinante a idéia de que se ela não estivesse ali naquele exato instante nunca saberia que o menino de 2 anos gostava de chupar Haribo enquanto a mãe,  uma mulher linda que usava com autoridade um turbante, lia um panfleto de ofertas daquela que poderia ser muito bem as Casas Bahia da França. E mais fascinante ainda era saber que dos três, ela talvez fosse a única  a lembrar-se  para sempre da cena. 

Assim como nunca esqueceu-se do viajante-fotógrafo-belga (ou francês) que avistou Valparaíso no mesmo instante que ela, não seria fácil apagar da memória aqueles olhos brilhantes de jabuticaba e as mãos meladas de açúcar. 

Havia uma lista imensa de seres que habitavam sua imaginação mas que existiam em um mundo paralelo fazendo coisas diárias, além de chupar bala e sorrir charmoso para mãe ou tirar fotos do Pacífico. Talvez eles não fossem tão interessantes executando outras tarefas, fora dali, não existiria mais o segredo que firmava inconsciente com eles.  

Agora, em qual estação de metrô andaria o menino das balas? Em qual funicular desativado de Valparaíso estaria o fotógrafo? Tal como ela andariam pelo esquecimento.

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