sexta-feira, 6 de julho de 2007

Por algum motivo obscuro pensou na frase "Se o cheiro do suor do outro for bom. Se te der vontade de viver.", havia esquecido aquele cheiro que imaginava existir, odiou-o por todas as brigas que não tiveram. Agora só conseguia imaginar o cheiro do velho de dentaduras. O mesmo que sempre subia no ponto inicial da R. Mauá, o mesmo que sempre contava baixinho, com sotaque italiano, as mesmas piadas para o mesmo cobrador.
Agora ali em pé, olhava-se no vidro do ônibus e só enxergava um par de olheiras. Roía as unhas e procurava na manhã fria e ensolarada a parte do ônibus na qual batia o sol. Gostava de ficar assim, se pudesse permaneceria ali por horas, apenas mudando de lugar conforme a idas e vindas do ônibus, conforme o trajeto do sol.
Mas vinha a vida e a tirava do ônibus e como que por mágica colocava um muro alto de cor âmbar na sua frente. A luz da manhã surgia discreta por entre as sibipirunas, os galpões estavam abrindo e no fim da paisagem tinha uma torre de vidro que a trazia de volta para a vida que paga contas, para a vida que sorri sem querer sorrir, que aprende que por favor é ítem dispensável no vocabulário e que acostumar-se com o rude não é tarefa tão difícil.
Segundos antes pensou na frase novamente, "... se te der vontade de viver." gostaria, ela, de ter escrito aquilo. Mesmo que não voltasse a senti-lo novamente e mesmo que um possível cheiro não fosse mais capaz de fazer sentir vontade de viver, se o tivesse escrito a vida pararia de verdade por um minuto.

3 comentários:

dez.miligramas.design disse...

eu ia escrever um monte de coisas, mas me inibi, pq vc escreve bem-para-os-ursos...e para mim tb!
parabéns!
beijoo

Harissa B. disse...

eu sempre penso nos ursos antes de escrever.

qto a inibição, nem falo nada.

Mauricio disse...

12/08

Cada vez que te veo
no puedo dejar de sentir
que tus letras están escritas
justo donde estás soñanado llegar.
Eso apasiona . . . de verdad!
Y esto lo digo quizá en pretensión,
pues tu piel está más lejos
que la distancia que se mide,
pero no del significado de la emoción . . .
lo que veo en cada ocasión.

El leerte surge como encuentro,
de ese momento que necesito
para comprobar si lo que percibo
es reflejo de tu pensamiento.

Tranquila . . . pues sino sucede,
ya lo creo!

é e hoje . . . acredite!