Era a primeira vez que via uma prostituta tão perto e tão constantemente. Todas as vezes que passava em frente a estação, ela estava ali no bar de azulejos coloridos. Ela não se parecia com nenhuma prostituta que já ouvira falar, tinha os dentes podres, as pernas com cicatrizes, não existia ali qualquer vaidade. Mas no cabelo, sempre havia alguma coisa diferente, desta vez era um aplique loiro de fios de naylon que berravam em seu cabelo crespo castanho.
Gostava de olhar aquela mulher, parecia sempre bêbada, sempre se oferecendo. Tinha medo que ela a notasse, tinha medo que qualquer um daqueles mendigos sonâmbulos, cambaleantes pela estação a notassem.
Sentia curiosidade em se saber alheio ao seu redor, num estado de transe eterno. Em que dormir na calçada, com um cobertor rosa em pleno meio-dia fosse coisa banal.
Não havia glória nem romance em nada daquilo que via e nem nela que notava, mas não conseguia tirar os olhos daquilo.
4 comentários:
Crítica bem escrita, essa...
Saudades, Há.
Ah! e pode acreditar:
conseguirei a foto esta semana.
rs!
Beijo
Brilhante.
voltaste? anônimo???
Ora... Você, como admiradora do anonimato que é, deve saber que anônimos não vão embora... Eles só não são muito notados...
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