terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Já pensou

Se a turma soubesse a confusão de pensamentos que anda a minha cabeça e eu escrevesse por aqui, tudo sem organizar, eu seria interditada.

2019, foi o ano maisoko da minha história. Obviamente que por conta de Alice. 

Acho que já disse por aqui, mas não lembro se disse mesmo e também não custa reforçar, que eu sou contra esse papo 'com filhos descobri o amor' ou 'me tornei uma pessoa melhor'. Filho transforma, mas não rola virar outra pessoa, e sobre o amor, acho bizarro uma pessoa só ter 'descoberto o amor' com a maternidade. Amo muito minha filha, mas antes dela eu já sabia o que era amar. 

Aí claro que dá muita vontade de só falar de maternidade, mas a realidade é que não tenho assim longas conjecturas sobre o tema, talvez porque a maternidade consome tanto que tô até sem energia pra filosofar. Mas, posso falar sobre  todos os afazeres que uma bebê de quase 9 meses exige de uma mãe, mas aí já perderia vocês nessa parte. 

Então vou falar de The Crown e da minha atual fixação pela rainha Elizabeth II. Fico triste só de pensar que nunca seremos amigas e que o mais próximo que chegarei dela é no Centro Cultural Britânico que fica na esquina de casa. Eu tenho cá pra mim que a série toda é construída para que ela não leve a culpa de nada, mas eu já comprei esse peixe e a acho maravilhosa. Eu tô tão apaixonada que nem questiono o fato dos filhos terem que pedir autorização pra falar com ela, afinal é uma coisa que a COROA exige. 
E claro que rolou uma sintonia quando a série mostrou a relação dela com a irmã Margareth, automaticamente pensei na minha. Nós nos revezamos nos papéis de Elizabeth e Margareth, mas o que importa é que eu não consigo imaginar meu mundo sem minha irmã. 
E para encerrar esse tema real, pensando friamente, o que não é uma história bem contada, não é mesmo? Pois se você focar na persona do príncipe Charles, afff, coisica chata.

Além de The Crown eu consegui assistir uma série muito boa chamada Derry Girls, ela conta a história de um grupo de adolescentes da Irlanda do Norte na década de 90. Elas só fazem merda, mas eu chorei de rir. Foi ótimo pra fazer as pazes com minha adolescência e elaborar um pouco o luto do meu eu antes de Alice. Ela foi indicada por uma grande amiga, que eu não conheço pessoalmente, mas com quem bato altos papos virtuais, a Larissa Cuénoud. 💓

No quesito livros, posso me orgulhar de que 'a maternidade não me tirou esse prazer', hehe. Eu consegui ler todos os livros do Clube do Livro que participei nesse ano (alô Diana e Rafa) e para mim o livro ápice foi 'A vida invisível de Eurídice Gusmão' que virou um filme chatão, mas que é um livro primoroso da Martha Batalha e que recomendo muito. E ainda por cima mergulhei no universo da Scholastique Mukasonga e da Isabela Figueiredo, duas escritoras africanas que contam suas histórias em posições sociais quase que opostas, mas com tanta profundidade que eu fui junto com elas pra Ruanda e Angola. E só ganhei em humanidade com narrativas tão densas. 

Teve também o show Ofertório do Caetano e filhos que marcou nossa primeira saída sem a Alice. Tudo em família. Eu nunca tinha visto o Caetano ao vivo e 'meo Deos' que artista, sério, muita sorte viver no mesmo tempo histórico dele. 

Eu queria ficar aqui escrevendo mais, mas esse texto que comecei em outubro, precisa acabar antes que a Alice acorde e eu tenha que prorrogá-lo pra 2020. 

Mas não posso ir sem falar de uma coisinha da maternidade chamada puerpério (será que já falei antes?) que é a pior fase da mãe recém-nascida. Eu achava  esse lance era uma coisa de momento, mas eu descobri na pele que ele "vem em ondas, como o mar"
Comigo é assim: quando sinto medo paralisador de morrer e deixar uma filha orfã é o puerpério agindo. Tem gente que acredita que pensamentos ruins são coisa do demônio, no meu caso, pensamentos ruins insistentes são o puerpério. Como eu não deliro muito e tenho histórico de câncer então, tudo faz sentido. 
Se eu posso falar em parte boa, é que minha rede de apoio é muito maravilhosa e que minha terapeuta, embora boceje em algumas sessões, ela consegue me mostrar que esse 'tudo faz sentido' é completamente questionável. 

É isso, caros leitores. Feliz 2020 pra todo mundo que a D. Alice acordou.

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