quinta-feira, 30 de junho de 2016

"Não me olhe como se a polícia andasse atrás de mim..."

Outro dia eu li uma entrevista da Clarice Lispector com o Tom Jobim. Tive que reler várias vezes alguns trechos para as coisas fazerem sentido e lembrei da Harissa de 20 anos lendo Água Viva e entendendo bem pouco ou ficando com pena da personagem ser tão complicada como ela era. Contei pra minha terapeuta que achava que tinha virado uma das personagens da Clarice (caso que ainda não decidi se é bom ou ruim), falei da fase que praguejei contra todos os escritores que li na adolescência e que de alguma maneira ajudaram a forjar essa minha personalidade sentimentalóide/confusa e por fim ela me respondeu categoricamente que esses escritores me salvaram. Resposta com a qual não discordo. 

Aí, já que estava na pegada da Harissa dos 20 anos escrevi duas cartas para grandes amigas que estão morando longe. Uma em Recife e outra na Italia. Nas quais contava sobre as últimas mudanças na minha vida profissional, que tudo estava muito bem, mas que eu tinha um trato comigo mesma de não admitir para mim a felicidade, pois "vai que eu escuto e coloco tudo a perder", então eu arrumava um problema pra me preocupar pra não sair do meu modus operandi. E olha que foi muito bom escrever isso para amigas que me compreendem tão bem. E eu comecei a reler vários textos por aqui e todos são sobre essa minha roda da fortuna de quem tem ao mesmo tempo uma vazio e um cristal brilhante dentro do peito. 

E aí eu penso em todas as personagens da Clarice que vivem, na dicotomia de ser e não ser o que são e concluo que a aceitação está um passo atrás. Está no estágio de aceitar viver dentro da ambiguidade. 

Bom, agora chega de tomar esse chá de mate com canela que me deixa mucho loka!










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