segunda-feira, 21 de março de 2016

O papel aceita t-u-d-o

Dia desses estava indo para Campinas e quando estávamos quase chegando na cidade, olhei para o lado e vi um paredão de prédios novos. Pareciam vários condomínios diferentes, mas todos tinham na fachada a mesma característica: uma facha pintada em cor diferente, "para criar uma volumetria" (já pensei nas apresentações de projeto).

E, automaticamente lembrei do choque que tive quando comecei a trabalhar em construtora. Pra lá de convencer o cliente que o sofá vai ficar melhor encostado na parede x ou y ou que quebrar a parede do único quarto pode ser um problema. O projeto de um prédio (residencial, comercial ou o que quer que seja) está inserido dentro de um contexto muito maior que no caso é uma cidade e inevitavelmente ele VAI interferir na paisagem. 

Eu acho que larguei arquitetura antes de me deparar com um desafio desses, mas tenho a sensação que grande parte da produção de empreendimentos hoje em dia é pensada mais tentando agradar a empresa de corretagem que vai vender do que no contexto visual da cidade. 

O papel aceita tudo e é bem fácil deixar um prédio simpático em uma paisagem inóspita (que não precisa ser mostrada no folheto):


Na vida real tudo é diferente, o marrom (quase vinho) vira laranja, o prédio no meio da paisagem parece uma nave extraterrestre (no melhor estilo Distrito 9) ou quem sabe um inseto gigante com antenas laranja. 

Enfim, acredito que vão continuar existindo prédio feios, bonitos. Mas tenho a esperança que vamos evoluir para um caminho em que não é o gosto de um diretor cafona ou não que vai prevalecer. Mas enquanto esse dia não chega, se você não pretende morar dentro de um inseto, robô ou quem sabe até uma pirâmide do Egito pós moderna, não compre o apartamento em planta, vai sair mais caro, mas assim nenhum folheto te engana =D.

Um comentário:

bittarpoeta disse...

Como sempre , você tem razão !