quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dias antes de completar o famigerado "30 anos" realizou um sonho. A vãn do atraso, por algum acaso do destino, não estava lotada como de costume,  não haviam lugares vazios, mas além de conseguir mover os dois braços ao mesmo tempo sem esbarrar nos outros passageiros aquele lugar sempre almejado, bem na frente da vãn onde é possível ter a mesma visão do motorista estava lá, abandonado, vaziiinho da silva.

Tomou coragem e foi lá 'sentar-se' no local que nem poltrona tinha, o assento era uma barra de travamento, mas para os acostumados em ser sardinha pelo menos duas horas por dia, estava ótimo. Realizada era só sorriso, ninguém notava de fato tamanha felicidade, mas nada pagava o ventinho da manhã batendo no rosto. Na primeira parada da vãn a decepção, com o abrir e  fechar da porta de entrada, era periodicamente escorraçada do lugar. Minutos depois, adaptou-se a intempérie e antes mesmo da porta abrir já se afastava ilesa.

Triunfava novamente respirando aliviada, quando seu pensamento vacilou: "E se com meu peso essa barra, que não foi projetada para suportar uma arroba, quebrar e eu cair pagando bundinha para a galera da vãn? E se pior ainda, a barra de alguma forma fincar em meu coração e eu morrer aos 29 anos, 11 meses e 15 dias?"

Atormentada, olhou para frente e deparou-se com isso:


Esqueceu de tudo. Agora eram só ela, o vento no rosto, a imagem a frente e aquela plenitude que a acomete uma vez por dia.

Um comentário:

Leopardo disse...

Prezada Srta. Harissa,

Me perdoe a pressa, neste breve comentário.
Aproveitei o sinal verde (sei que ele só existiu para mim, nesta realidade quântica).
Não pretendo apelar aqui, nem voltar a infância... mas a proximidade dos trinta trouxe emoções que talvez só a sua sensibilidade compreenda.
Num breve escrutinar (adoro o Calvino) pelos emails
li vestígios de duas pessoas que se cruzaram rapidamente pela vida - e olha que não parecia tão rápido assim!
Hoje ganhei um presente pela segunda vez. Atrasado, e entregue pelo acaso (pra quem acredita nele), mas talvez o mais puro.
Meu coração ainda precisa de um "veet".
Espero que esteja dirigindo bem.

Mário

ps.: você conhece?