quarta-feira, 25 de maio de 2011

das pequenas tragédias cotidianas VIII


i. Aves do mau agouro
O mundo é cheio delas. Cada pessoa tem a sua ou suas. Tenho uma que às vezes pega ônibus comigo, sempre que ela aparece com suas olheiras, mãos amareladas pelo fumo e magreza barriguda. Batata. Chego atrasada no trabalho.

ii. Era bonito?
Era o homem mais lindo do mundo, fato. Arriscava horários para pegar o mesmo ônibus que ele, sempre em vão. Quando menos esperava ele aparecia, com seu terno cinza e rosto anguloso.
Agora, sempre o via no ponto de ônibus, não tomavam mais o mesmo. Ele não era, nem de longe, nem no ponto de ônibus, nem no outro ônibus o homem mais lindo do mundo. Magro demais, com cara de doente e pasmem: terno mal ajambrado.

2 comentários:

Maeve disse...

tragédias cotidianas: passo sempre.

Peterson Quadros disse...

Descobri o Blog através da Maeve... Divino, divino... A “Magreza barriguda” foi ótima, além da superstição que se escondeu atrás dela. E sobre o homem? Que descrição do cotidiano, adorei foi o “ajambrado” fazia tempo que não ouvia. Obrigado pelo texto!