quinta-feira, 9 de julho de 2009

eu sou mais você...

Até hoje não se sabe se foi por tanta beleza ou se foi só a impressão de que ao lado dele o tempo passava mais rápido. O que se sabe é que sem perceber desceu a rua de sempre pela calçada proibida - pelas regras que criava para si mesma - e deixou que ele caminhasse ao seu lado. Às 8h50 da manhã, andar lado a lado com um estranho como duas crianças que brincam de acertar o passo e achando que aquilo era algo natural.
O farol que sempre demorava para abrir naquele dia e justamente naquele dia, abriu com rapidez e quando ela seguiu sozinha pela mesma avenida e ele dobrou a esquina, incrivelmente não amaldiçoou o mundo e nem esbravejou sobre o farol traiçoeiro. Ficou sozinha, de fato, com cada detalhe do rosto e dos gestos de um homem que jamais tornaria a ver, desde os pequenos cortes de quem faz a barba com pressa até as mãos impacientes e de unhas roídas.

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