domingo, 26 de abril de 2009

Magrones Magrinos.

Alto, magro, com um terno que tinha ombreiras muito maiores que seus ombros e que certamente não foi feito para ele. O rosto assemelhava-se ao de um corvo, ainda vestido de preto e trabalhando próximo a um cemitério era a encarnação da morte.
Sua dupla de trabalho só não era seu oposto por completo por ser tão magro quanto ele.
Baixinho, vestia-se de branco, com exceção da jaqueta de couro marrom e usava um chapéu de manobrista com uma etiqueta no alto e em letras garrafais: FBI.
Um ficava parado ao lado de um poste em total simbiose com ele e só olhava para dentro do bar, podia-se dizer que fazia seu serviço. Mas a verdade é que passava suas noites assistindo os jogos de futebol da TV paga, que reluziam verde e indecifráveis na TV. Ficava hipnotizado, e quando o lance era bonito ou era um quase gol saía da posição de poste e soltava um uhhhh discreto e cerrava os punhos. Recompunha-se rápido, assim que algum cliente saía do bar.
O outro zanzava de um lado para o outro, dava ordens aos motoristas de todas as classe sociais. Apitava, gritava e se houvesse uma regra na qual a altura da voz do sujeito fosse proporcionalmente igual a sua altura, certamente ele seria uma aberração da natureza.
Falavam-se pouco, entretidos em suas tarefas noturnas. Mas sempre entre um 1º e 2º tempo, um carro estacionado e outro comentavam sobre o campeonato sul coreano de bocha, sobre o tempo frio e quente, sobre a necessidade dos olhos atentos, sobre a decisão de lembrar daquela mulher só com ternura, sobre a decisão de apagar aquela outra da vida, sobre o cheiro da batata-frita e sobre o primeiro milk-shake da vida da garotinha de cabelos cacheados.

2 comentários:

Fabiano Conte disse...

Parabéns...

Andy disse...

ah, minha admiração por voce é ímpar....