quinta-feira, 27 de novembro de 2008

sobre a burrice e a complacência. ou 'só a ironia salva'

Para você que diz "eu preferia ser burro, assim sofreria menos", segue abaixo relato de quem não tem muita inteligência, mas que de fato não é burro.
A princípio a burrice causa, no outro, pena. É fatal pensar "ai, coitado, tão burrinho..." e, partindo de tal sentimento de pena, pessoas complacentes passam sempre a dar 'um desconto' para os burros. Afinal "Ele é burro gente, não sabe o que está fazendo".
Em um segundo momento, o complacente começa a levar prejuízo pois já foram dados tantos e tantos descontos, que se o burro for esperto - entenda que burrice e esperteza não tem o mesmo significado - ele acomoda-se no papel de burro e o complacente faz tudo por ele. E mesmo se além de burro o sujeito não for esperto, o complacente ainda apegado ao seu caráter complacente mesmo, para limitarmos o vocabulário, permanece fazendo tudo pois dar descontos e entender o próximo está no seu sangue.
No terceiro momento, se o complacente for uma pessoa de gênio forte - entenda que é possível ser complacente e ser genioso, uma coisa não exclui a outra, pois se excluísse em que lugar ficaria a multiplicidade do eu? e o que faríamos com pessoas com baixo grau de esquizofrenia? - ele certamente pensará que o burro na verdade é ele e que, o burro de fato não é burro e sim esperto. Um erro comum, mas deveras repetido.
A confusão de sentimentos pela qual passa o complacente, invariavelmente faz com que ele acabe mudando seu comportamento com o burro e esse por sua vez, independente de ser esperto ou não, percebe tal mudança e se esse for humano - quem sabe não exista uma categoria de marcianos burros e/ou burros marcianos - também mudará sua conduta para com o complacente - pois como já dito anteriormente, algumas características de personalidade não excluem outras, então também é possível ser burro e sensível (no sentido genérico do termo).
As alterações de comportamento, do complacente para com o burro e do burro para com o complacente transformam mais uma vez a visão do complacente. Fazendo com que esse imagine que o burro só é um burro esforçado e não um burro espertalhão, desse modo o complacente torna-se mais complacente do que costumava a ser e assim a situação retorna para o segundo momento.
No quarto momento, já desesperado e exausto o complacente explode. Se for complacente contido será uma explosão interna que acarretará na transformação de sua convivência com o burro. Sendo assim o complacente continuará realizando tarefas pelo burro, contudo a forma de tratamento mudará - para explicarmos as atitudes seguintes do complacente, devemos considerá-lo como um sujeito complacente de gênio forte porém contido e com tendência a rudez.
Aspereza, impaciência e grosseria serão os primeiros passos. Após culpar-se, principalmente depois daquele conhecido em comum comentar "Você anda muito rude com o fulano (o burro)." o complacente percebe que a grosseria não é o melhor caminho e então pensa na artimanha que o salvará, A IRONIA!
A partir disso tudo se transforma, dar ao burro pequenas pílulas de verdades-maldades envoltas pela capa da ironia é reconfortante e revigorante e o complacente blábláblá, que antes andava desesperado, exausto e sufocado. Agora é antes de tudo um irônico complacente.

2 comentários:

CARLOS SOUSA disse...

As vezes a burrice caminha junto com a ignorância.Outras vezes, estão tão distantes quanto podemos perceber. Ao chamar alguém de apedêuta, o dito sem saber o significado da palavra,a princípio, sente-se elogiado. No entanto, ao saber do significado da palavra, sente-se humilhado em dobro, porque na verdade ele o é, e fica triste por ignorar sua própria limitação. Mas, mesmo assim não pode ser tratado como burro, devemos ser complacentes por se tratar apenas de um ignorante.

cafeiina disse...

acho q entendi.
rhá!