terça-feira, 22 de julho de 2008

tênis que flutua.

Passava seus dias flutuando, mas não flutuava como aquelas imagens de cinema em que a pessoa flutua deitada ou completamente descoordenada. Flutuava como se tivesse calçando tênis com a função flutuar.
O falso libertário que carregava revistas de cunho social na mão contudo não tirava a mochila das costas para dar passagem no ônibus, as discussões babacas sobre a inteligência de uma ou outra loira televisiva, a tal cultura fundamentada, proclamada e debatida por leitores de livros de profundidade duvidosa, a inércia da menina diariamente à sua frente e todos os seus enroscos de fios de nylon ainda a incomodavam, irritavam e ver por outra brotava uma lágrima que imediatamente era classificada e catalogada como sem razão de ser.
Contudo, ela tinha seus tênis flutuantes. E com eles, de repente como o mar vermelho abriu-se naquele desenho animado o trânsito abria-se, o ônibus passava apressado porém pomposo e seu cartão apitava aquele som verde e sorridente de quem utiliza 3 ônibus ao preço de um, para subir correndo a viela escura e esquecer que o medo era de ser assaltada e não de ser vista correndo sem motivo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Opa!
Adorei os escritos/desenhos, esse em especial: http://bp3.blogger.com/_7sSQPF5c2ZI/RynBWQUfaKI/AAAAAAAAAKA/x5vZ5jypm9c/s1600-h/DSC03648.JPG

Bem bacana :)

Anônimo disse...

Brigado!
Tava lendo posts mais antigos daqui, sensacionais as descrições que ce faz, odisséias pelo transporte público...! :D