sexta-feira, 6 de junho de 2008

no ritmo da escada rolante

Então era assim, 08h45 o trânsito pára sem nenhum grande motivo entre uma estação e outra de metrô e é preciso optar entre voltar atrás ou seguir em frente até o próximo metrô, tomar o próximo trem, descer na estação seguinte e andar correndo até o trabalho.

Nada abafaria a gritaria revoltada que tinha em sua cabeça e naquele exato instante, 08h55 só pensava que R$1,35 era dinheiro gasto demais para uma cidade que não funcionava. E não adiantava o dia bonito e ensolarado, seria rude até o final dos tempos... ou pelo menos até o final do dia.

Não adiantava também a avenida que passava por baixo da estação de metrô, nada a conquistaria naquele momento. E era melhor nem olhar para a criança bochechuda no colo do pai que aquilo também não mudaria em nada o seu humor. E não poderia mudar mesmo, era necessário alguma revolta, como assim de repente a cidade pára? Agora todos os meses seriam assim? Teria sempre que ir a pé até algum estação de metrô? E onde ficaria seu banco de horas desse jeito?

Será que deveria acreditar na Mirian Leitão? Ou será que deveria parar de pensar na limpeza da cidade, em soluções de transporte coletivo e na coleta seletiva para fixar o olhar atento à bota de cano alto da mulher sentada a frente. Talvez se olhasse bem descobriria a marca. Será que foi caro? Ou será que deveria acreditar no homem que cantava em sua orelha " e se vem vindo eu faço figaaaaaaaaaaaaa". E logo toda a sua revolta a cara de conformidade que as pessoas do vagão tinham passava e assim como todos ali, assumia um olhar distante bem longe de uma quinta-feira parada. E por alguns instantes sentia um remorso, mas o peso da bolsa doía nos ombros, mais do que o peso da inércia e a consolação estava logo ali, a esperando, quente, cheia pra andar no ritmo das escadas rolantes.

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