sexta-feira, 30 de maio de 2008

preso nos lábios.

Era muito difícil escrever qualquer coisa sobre gostar, quando na verdade o que se queria mesmo era exercer o gostar de perto. Decorar o jeito que ele tinha de pegar no copo e como seus olhos brilhavam na luz de final de tarde ou como quanto seu olhos se arregalavam com algum susto bobo ou o tom de sua risada.
Certamente não saberia começar ou terminar qualquer história, sendo que o que realmente tinha vivo em sua mente era um olhar moreno que gostaria de identificar na multidão apressada que a carregava sonâmbula por entre ruas cinzas, poças d'água e um sorriso preso nos lábios esperando um próximo...
E na próxima esquina, no próximo quarteirão aquela mão que passava sem querer por seu ombro, quase tinha o mesmo peso que gostaria que tivesse e seus sorriso quase se libertava, mas sabia que não. O sorriso preso nos lábios teria que esperar um próximo...
Por entre bancas de feira, tomates, cenouras, alface e barracas de pastel escutava ao longe o que poderia ser o tom de voz que gostaria de escutar e mais uma vez quase que o sorriso escapava sorrateiro de seus lábios, mas teria que esperar um próximo...

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