quinta-feira, 6 de setembro de 2007

sobre o nó na garganta

Sentiu um cheiro ruim, sabia que talvez viesse do homem ao lado mas nunca teria certeza disso. Quando o ônibus fez a curva viu ao longe a fila de carros, o nó na garganta apertou e com os olhos secos sentiu vontade de chorar.
Há tempos sentia aquele nó na garganta, as causas eram diferentes mas a vontade de vomitar nas pessoas era a mesma. Lembrava bem a primeira vez em que sentiu o nó.
Por telefone, quase implorando alguma justificativa para algo que não havia qualquer explicação sentiu pela primeira vez vontade de falar sem parar palavras quaisquer para que assim talvez algumas delas fizessem sentido. Não falou, engoliu seco e por muito tempo sentiu vontade de falar coisas desconexas, jogar, cuspir e quem sabe assim exorcizar fantasmas. Só que Vontade como já dizia o bordão é coisa que dá e que passa.
Passou, ficou o nó que selou um saco vazio.
Agora sempre que sentia esse nó as palavras não saíam, perdia a voz. E mesmo que tentasse gritar era como tentar sentir qualquer odor na cidade ou em um saco de lixo. Mas o nó estava sempre ali, triunfante reinando sozinho em sua garganta.
Agora com o ônibus chacoalhando, com a cabeça baixa e o nariz seco. O estômago revirava, não sabia se a vontade de vomitar era por causa do cheiro do homem, da comida estragada ou do vazio que sentia.

Um comentário:

undergroundousubway disse...

me ajuda a desfazer o meu nó na garganta??? pelo msn vc está super se esforçando...