domingo, 24 de junho de 2007

é sempre bom lembrar...

Conhecia bem o nó na garganta, tirava e colocava os pés na trave da catraca. Trabalhar domingo a noite e privilégio para poucos, pensava assim porquê gostava de achar que um copo vazio está cheio de ar. A cidade vazia, o trânsito rápido, o churrasco que acontecia ao longe a filha que crescia longe dela também, brincando com alguma boneca que ela não sabia o nome.
Não sabia aquele nome, mas sabia qual era a capital do Djibuti e que o símbolo do potássio era K, sabia que foi em São Paulo que aconteceu a Semana de Arte Moderna de 22 e que o autor de Ronda foi Paulo Vanzollini, o mesmo quem fundou a FAPESP. Não sabia o que era FAPESP, mas sabia quem era o Paulo.
Pensava sempre nele, pensava o que passou na cabeça dele quando escreveu a música. Será que ele realmente fez aquilo? Será que ouviu alguém contar? Será que saiu da cabeça dele? Muitas alternativas para história tão trágica, muitas alternativas para questões tão simples. Ou é ou não é.
Voltou para a cruzadinha, não tinha muito o que fazer. Ouvia um bip de vez em quando, abria a gaveta de vez em quando e sentia preguiça em retomar o eterno suéter de tricô. Talvez voltasse para o crochê, uma só agulha, linha mais fina, menos peso para carregar, masi fácil de se acomodar. Mais difícil de fazer e mesma preguiça de sempre de terminar.
Sua história não tinha grandes histórias, um ônibus que quebra, um domingo a mais para trabalhar, uma cruzadinha a mais para fazer e não havia surpresas em descbrir que clímax era o ponto de conflito, de grande expectativa de uma história. Em sua vida não haiva isso.

Um comentário:

::gabriela::gaia:: disse...

que bonito!
gostei!
bjo