domingo, 15 de abril de 2007

Eram todas muito coloridas, verde, dourado, azul, amarelo, lilás, verde metálico, azul metálico, amarelo metálico... mas a cor predominante era o rosa. Todas eram princesas e quem tivesse uma bolsa daquelas, certamente seria uma princesa também. Algumas eram moranguinhos, outras fadinhas e até gatinhas, mas inevitavelmente todas eram princesas. Não importando muito a procedência ou o sangue azul.
Encontrou entre tantas princesas, um zíper em forma de morango esperando parado para ser aberto. Primeiro parou e pensou em quem foi capaz de imaginar aquele detalhe, no segundo seguinte abriu a bolsa e para sua supresa sentiu um cheiro de plástico-suco-sanduíche-de-pão-de-forma-amassado. Finalmente percebeu que aquilo não era apenas uma bolsa, mas uma lancheira.
Talvez pelo cheiro, talvez pelas cores, ou talvez pelo pé machucado dentro de um sapato novo que lhe causava bolhas. Queria aquela lancheira para si. Era o que mais desejava naquele instante, agarrar aquele cheiro e aquela vida de sentar em fila e de sempre esquecer de comprar a rosa pra ave-maria no dia 05 de maio.
Olhou para o lado e abriu um sorriso para a moça com sardas que a olhava com ar inquiridor e já acostumado aos caprichos, de quem pensa que cheiros são assim, agarráveis.
Pensou mais uma vez no cheiro, colocou a lancheira na prateleira, olhou o zíper. Pensou que talvez não fosse fácil ser princesa de novo e que o sapato podia lacear com mais facilidade, pois ter bolhas por todo o pé não era próprio para uma princesa.

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