sábado, 20 de janeiro de 2007

pense numa cor

Sentou-se no gramado, pois não aguentava o peso daquilo que sentia. Uma felicidade súbita, uma felicidade irônica, quando tudo na verdade parecia dar errado, quando tudo na verdade era apenas olhar um olho azul que era mais arisco que o seu mesmo. Procurava saídas, brincava com o cachorro labrador do seu vizinho de grama, coversava sobre o tempo, sobre os buracos das ruas, escutava análises diárias e certeiras sobre o melhor método de se cercar a vida e impedir que ela exploda.
Separava pessoas por palavras, como quem conta feijão. Eliminava, ou fingia eliminar, o grão impróprio para ouso, o grão que não conseguiria cumprir com a sua "função social". Brincava de deus e assim como guardava no fundo da estante os livros que já lera e não gostara, guardava pessoas no fundo do peito, em um esconderijo tão perfeito que tornava a vida capaz de seguir respirando fundo até o final.
Nos mais pensava sempre nos olhos azuis e por cinco segundos a vida, dava chance para que apenas uma cor reinasse, mas no resto do tempo a vida vinha e arrancava qualquer possibilidade de azul....

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