terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Vira Lata

Fazia dias que prefeira ficar sozinha dentro de sua cabeça, qualquer conversa alheia que sem querer a importunasse causava um transtorno tamanho, que olhava para as pessoas com um olhar de súplica para que assim, intimidadas, elas ficassem quietas.
Não queria saber sobre o teto que desabou com a chuva, sobre o ônibus que passou atrasado, sobre quantas horas a mulher de verde demorou para chegar em casa. A opinião política, esportiva, amorosa, supersticiosa, mentirosa das pessoas era cansativa demais. Se o louctor levantasse a voz por dois segundos, era o suficente para que ela saísse do seu transe e entrasse no mundo alheio. E que tortura era descobrir as pessoas e sentir pena, sentir raiva, sentir compaixão e as vezes esboçar um sorriso.
Não classificava ninguém, mas dentro de si parecia que tinha um cão farejador que acreditava desvendar por completo a pessoa. Mas como tudo na vida, o cachorro era um tanto confuso e algumas vezes sentia-se culpado por desvendar essa ou aquela pessoa pela moral oposta a qual ela pertencia.

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