domingo, 17 de dezembro de 2006

"Ô motorista, espera a gostosa descer", aquilo nem de longe soou como elogio. Para alguém que prefeira observar a ser observada, era um insulto. Um insulto que sem perceber, retomava um passado que preferia esquecer, mas que sempre estava ali latente.
Latente como quando se bate o dedão na quina da porta. E com o qual teria que conviver, pois dor a gente não divide com ninguém. Buscava pensar na luz que incidia na casa da esquina, imaginava o cheiro da rua depois da chuva, pensava em pão de ló e na vista da janela da casa da avó. Mas era tudo placebo para quem sem querer escutava um zumbido nojento na orelha e fechava os olhos com força como se aquilo fosse capaz de afastar todo mal. Mas era impossível. Quando o mal já foi feito, a garganta se fecha o peito retrai e o almoço de doze atrás bate na porta da garganta fechada, querendo sair.
O jasmin manga da esquina da casa amarela não é tão florido como era na semana passada, nem como no ano que passou. Aquela calça que vestia tão bem agora "pega" na perna esqueda e transofrma o mundo num lugar habitado por mulheres lindas e um só que é feia. E como era chato ser sensível a esse ponto, como era difícil ser vulnerável a coisas que racionalmente eram tão pequenas. Mas assim como acredtiava que era no "sem querer" que surgia a felicidade, tinha que admitir para si mesma que coisas tão pequenas eram capazes de doer quase sempre.

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