sábado, 23 de dezembro de 2006

o tempo nos correios

Certa vez, lera um poema que falava sobre o tempo nos parques. Guardou aquilo na memória como algo a acrescentar nos momentos felizes nos quais sentia um vento batendo na nuca e no rosto.
Quando entrou dentro do salão, tudo era calor. O temporal que caia na rua, além de colocar as pessoas para dentro das casas, levava consigo o ar abafado. Todas elas brilhavam de suor e atrás do balcão havia um frenesi de quem tinha que obrigatoriamente sorrir, vender aerogramas e suar descontroladamente.
O primo do Milton Nascimento, agora atendia em um novo guichê e já não era mais necessário ter pena dele pois já não se atrapalhava ao colar selos e dominava o programa de envio de cartas com esmero. De tempos em tempos um alarme tocava, chamando alguém e como era necessário esperar 70 chamados, dormiu. Quando acordou faltavam 20 alarmes, mas não sentia mais o calor no ar.
Finalmente os ventiladores mal posicionados, venceram e ali dentro onde tudo era amarelo, passou a sentir gosto em olhar fitas, caixas e selos. E ali, entretida em tantos desenhos pequenos e nas camisas amarelas dos funcionários, lembrou-se do poema. Não era um parque, não havia a brisa na nuca e também não dava para imaginar o cheiro de terra depois da chuva. Mas o tempo parou e fez sentido por algum instante e tudo acabava-se resumindo na beleza de uma janela azul em estilo colonial, de madeira.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eita! Arrasa na escrita, né???
Feliz ano novo, lindona! Um ano novo lindo pra vc, cheio de poesias!
Beijocas