quinta-feira, 13 de outubro de 2005

O dia passava lento dentro da casa escura. O lustre antigo de cristal, o velho bibelô de porcelana, as cortinas de renda já puídas davam à casa um aspecto de monotonia. Parecia que dentro daquela casa era sempre outono.
A moça esperava ansiosa, há tempos não colocava dois pratos na mesa, há tempos tudo era um no seu mundo, há tempos brincava sozinha de se perder dentro da própria casa que mais parecia um labirinto de portas que dão para quartos vazio, de quartos vazios que se emendam em outros quartos vazios, de outros quartos vazios que terminam em corredores, de corredores que acabam em janelas que nunca se abrem.
Mas naquele dia não havia sentido os jogos solitários, aquele era o dia de arrumar a cama, bater o sofá, abrir as janelas, escolher a roupa mais bonita pra depois fingir que a escolha fora feita ao acaso. Às nove horas ele chegou, a mesa posta, o sorriso aberto, o encantamento. Não havia o quê falar, histórias, promessas, estragariam o instante. Restava apenas observar seus gestos, perceber o encanto que há num homem enquanto ele janta. As mãos ásperas, o jeito de segurar o talher, os grandes goles de vinho, o modo como parte o pão. Sem perceber faziam movimentos sincronizados, sem querer admiravam-se, não nomearam o quê já haviam esquecido...

3 comentários:

Anônimo disse...

depois de tudo isso, nomes pra que???
já te disse que adoro vir aqui? acho que ficar neurótica tá te fazendo bem...hehe...
lindo texto!!!! quero mais!!!!
beijos

Anônimo disse...

que lindo harissets!!!!!!!!

Anônimo disse...

Limã, agora consegui ver.
Vc não é fraca não, hein?
Gostei de ver.
Mas acho que isso vale muito mais que um projeto de tfg.
Te amo. beijos, Haa