domingo, 23 de outubro de 2005

Dentro do ônibus o garoto a olhava com olhos de adulto. Tinha no máximo três anos, mas seu olhar era antigo, que olhava devorando o quê via. Ela tentou decifrar aquele olhar e segui-lo. Sentia que ele percorria insistentemente a passarela que apontava na paisagem distante.
Na passarela havia um homem sozinho que andava de um lado para o outro, parecia que procurava algo perdido na paisagem.
O ônibus aproximava-se cada vez mais da passarela e os dois, em uma disputa silenciosa, tentavam achar o quê o homem procurava incansavelmente. Olhavam os galpões abandonados, as casas cinzentas, o céu fechado, caçavam no dia abafado alguma pista. Existia entre os dois um sincronismo de movimentos, um acordo secreto.Mas o ônibus foi mais rápido que eles...

2 comentários:

Anônimo disse...

comentário irônico para alguém que não sente cheiro

Harissa B. disse...

não sinto cheiro e tb não sou adivinha....