segunda-feira, 11 de abril de 2005

Medo do mar

Ela olha para si e sente medo de confessar-se. Lembra de quando bateu o dedão do pé no batente da porta e sentiu a sua carne latejando, sentiu a vida pulsando.Desejava aquela sensação de novo. Seu corpo, agora, pulsa. Mas por dentro ela se contrai toda, com medo. Parece que não pertence a nada, que não se deu a nada.
Entra no mar, o vai e vem das ondas a deixam tonta. Imagina o mar à noite e sente medo, medo de tudo aquilo que não pode ver. Ao passar a arrebentação fica aflita, tem medo de que algo puxe seus pés, começa ir cada vez mais para o mar aberto, mas o medo a faz voltar para areia.
Sentou na areia e ficou olhando a senhora sentada ao seu lado. Torcia para que ela não notasse que estava sendo observada e assim, desandasse a falar. Olhou para a mão dela, uma mão pequena com unhas bem pintadas e pensou em como uma pessoa que já não llembrava mais em que mês estava, poderia lembrar de pintar as unhas. A senhora começou a falar sobre o pôr-do-sol, no colorido dele e que desde pequena ela gosta de ver o pôr-do-sol mas que não entende como uma coisa que acontece todos os dias é diferente em todos eles. Ela pensa que também gosta das coisas que se repetem mas nunca são as mesmas.

4 comentários:

bittarpoeta disse...

Medo
Insegurança
Mar
Esse vai e vem
A nossa volta
Em nossa vida
Medo do desconhecido
Medo do perigo
Tudo isso
Eu senti também
Mas, hão de haver
Possibilidades reais
E tudo voltara a ser natural
Voltara a ser o seu quintal
O tapete do seu quarto
Onde tudo sera conhecido
Onde o medo não habitara
Isso que ora passas, passará
Deixe o tempo passar e veras
Um beijo
Te amo
Bittarpoetadosgrilos.
Gostei do seu texto
Realmente esta muito bom
Continue a escrever
Meus sinceros Parabéns
ABittar

... disse...

Querida Harissa,

consigo, agora, lhe escrever, não porque estive operado ou meu computador me deixara na mão analfabeta do desejo literário, mas porque me veio a janelinha, esta aqui, de comentário.
Então, aproveito para dizer-lhe: estou gostando dos mini-contos.
Não sabia da arquiteta das letras que erige um olhar - um belo olhar -sobre um cotidiano. E na forma de contos mínimos.

Um beijo,
Filipe Bernardo de Oliveira

cristie disse...

gostei muito do seu também,
conserva (em conserva) qualquer semelhança com o que penso e digo.

não-palavras,
um beijo-queijo: c.

Anônimo disse...

Você é uma poesia divina e estou morrendo de saudades.