terça-feira, 8 de junho de 2010

Diário de Obra II

É assim, existem alguns lugares que são encantadores porque eles são sujos, decadentes, tem camelôs nas ruas, durante o dia tem uma vida intensa e são proprietários da melhor luz de fim de tarde da cidade Um exemplo bem familiar é a R. Guaicurus, tão familiar que inspirou meu trabalho de graduação. E tais lugares eram encantadores porque não tinham um projeto, foram surgindo e se conformando naturalmente.

Até setembro/outubro de 2005 eu acreditava que qualquer desenho inserido neles estragaria o lugar, mas felizmente por algum motivo obscuro eu mudei de opinião e consegui fazer um projeto, terminar meu tfg e me orgulhar dele para todo o sempre.

E agora, caro leitor, que sou uma frequentadora assídua do baixo Higienópolis te digo que essa Arquitetura que é delicada, que causa surpresa é uma das melhores coisas que tem na vida. Na estação Marechal Deodoro, tem um "terminal" e até hoje não consegui entender muito bem a construção, só sei que de repente surge uma mureta de concreto, com um pano de vidro TODO SUJO que mais parece plástico e que serve como proteção para suicidas em potencial. Quem passa na calçada não tem coragem de chegar perto, primeiro porque deve feder (eu vi poças de xixi e me pareceu de gente), segundo que ninguém imagina que naquele 'buraco' tenha um jardim lindo de viver (mas mal cuidado) e um mural que parece do Portinari.

E eu continuo achando que a Arquitetura não salvará a humanidade, nem resolverá a diferença de classes, mas acho que essas delicadezas que encontramos pela cidade são espaços de respiro e encantamento mais que necessários. Ainda mais ali, bem coladinho no Minhocat.

R. Guaicurus - Lapa SP

R. Guaicurus - Lapa SP

Estação Marechal Deodoro - SP

Estação Marechal  Deodoro - SP

Estação Marechal Deodoro - SP

Estação Marechal Deodoro - SP

Estação Marechal Deodoro - SP

Nenhum comentário: