segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

tô boladaaaaa

Mesmo odiando os falsetes do cantor, tinha que admitir que ele dizia a verdade. E era tanto coisa pra ver, sorrisos talhados, o clima meio libertino de sol, de sal e de mar... sentia na boca o gosto quente do sal da maresia.
Era um vento que não havia experimentado e uma felicidade que era quase memória. Agora entendia a si mesma e o que vinha antes dela.
Conseguiu agarrar o tempo com as mãos e olhar a fundo todas as bonecas da estante, todos os ventiladores, bicicletas, relógios, broches e toda a cor que havia no lugar. Talvez fosse a maresia que fizesse o tempo passar mais devagar, ou era a quantidade de coisas a serem vistas por mais homeopática que fosse a dose. E sorria sem entender e sem querer explicar o que sentia, sorria apenas e se dava ao instante.
Queria saber era daquela felicidade ali no presente, dispensava análises sociais sobre a capacidade do ser humano em se divertir, por pior que fosse a vida. Porquê no fundo viu bem de perto, com olhos de criança que espera o bolo de chocolate, que a alegria contagia e as explicações sobre a vida tomam muito tempo da vida, daquela que a gente vive por inércia até que vê um cego mascando chicletes num ponto de ônibus.*
*referências à clarice lispector, não significam que eu escrevo igual a ela, ou que pretenda isso. é apenas o que faz parte do meu mundo palpável.

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