Era óbvio que em uma igreja na esquina da Rua Hungria com a Áustria, o retrato de Jesus Cristo na parede fosse de um homem loiro que mais lembrava um ator de cinema do que Cristo mesmo. "- Hosana nas Alturas", fazia tempo que não escutava aquela frase, não lembrava-se da resposta. Mas sabia que lá no alto ainda existiam os santos solitários, com perucas feitas com cabelo de pessoas pagando promessas e que de perto, lá na casinha onde eles ficavam, eles eram grandes, tão grandes quanto uma criança de 6 anos. A pomba pintada na viga da igreja e que tinha de fundo um recorte de céu assimétrico, devia estar por lá também. Uma pomba grande e branca que ficava perto do céu, o mesmo onde São Pedro lavava a casa e que o barulho que dava lá era de algum móvel caindo. No meio de tanto céu, de tanto santo, tantas cadeiras de madeira entalhadas com feras discretas e com pés-de-pata era difícil lembrar da resposta de "Hosana nas Alturas".
A ave-maria ela sempre soube, toda noite três vezes antes de dormir repetia baixinho para o travesseiro. Porém antes era necessário pedir desculpas para Maria, pois na noite anterior ela dormira no meio da segunda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário