terça-feira, 2 de maio de 2006

Coração na garganta

E se de repente a menina fechasse a boca? E se o pai dela, arrumasse um emprego? E se a velha, amiga da família, encontrasse um amor? E se as amigas dos motoristas, finalmente casassem com todos eles? E se a mulher com cara de rato-coitado, sorrisse de verdade? E se a vendedora da Yakult, fizesse uma plástica no nariz?
De quem sentiria raiva de manhã? Qual seria o motivo do iogurte, tomado às pressas, revirar no êstomago? O quê despertaria nela aquela vontade de vomitar, o coração na garganta, a testa franzida?
Naquela hora do dia não havia música, apenas três placas de concreto pintadas de vermelho, que serviam de abrigo. Apenas anúncios no chão e na parede de crédito fácil, trabalho duro, shows armados para conter uma guerra civil.
Lembrava-se da frase "naquela hora do dia em que nada precisava dela". Em qual hora do dia, algo precisava dela?

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