quarta-feira, 17 de maio de 2006

Boa Sorte

A velha ao lado perguntou as horas, depois se o ônbus passava por lá, depois comentou sobre o frio, sobre o laço de fita vermelho, sobre a quantidade de pessoas na rua. Finalmente ela parou de responder sim e não e compreendeu que aquela era uma senhora que ajudava aos outros e nunca reclamava de nada, entrou correndo no ônibus. A velha que falava sem precisar de ouvintes olhou em seus olhos e desejou boa sorte.
Talvez fosse sorte do que precisava, não sabia mais se era a velha ou se era ela mesma. Se ela mesma que deveria continuar seguindo para quase sempre o mesmo lugar. Se fosse assim, não precisaria de sorte, não precisaria olhar para os lados. Talvez pudesse mesmo não sentir mais nada ou então sentir tudo de uma vez só de verdade, sem dosagens homeopáticas. Mas havia sempre aquele desejo de ficar eternamente quieta no sol e havia sempre o boa sorte da senhora caridosa.

Um comentário:

Daniela disse...

Ai, Harissa, vc é ótima!!!
Só vc mesmo!
Mto bons seus textos!
Bjsss