Pela janela do ônibus ela olha os outros carros que estão parados ao lado dele. Em um deles há um desenho no banco de trás. Parece uma formiga, uma formiga amarela, mas ainda sim é uma formiga. Pergunta-se sobre o autor do desenho. Seria o motorista, um homem de bermuda, ou o filho dele, ou o neto?Aquele parece um desenho de criança, mas não parece que foi uma criança que o desenhou, pois está bem pintado, as cores não saem pra fora do contorno preto seria talvez uma dessa crianças que são geniais e que vendem quadros milionários. Mas talvez esse homem, nem tenha filhos e nem netos, ela pensa que talvez ele seja um ilustrador, desses que ilustram livros infantis.
O farol abre e a história do ilustrador já não a interessa mais.
Na parada seguinte entra no ônibus uma mulher que diz “boa tarde”. O “boa tarde” a impressiona, não é um “boa tarde” qualquer, é aquele “boa tarde” de quem finalmente conseguiu pegar a condução.A dona do “boa tarde” era uma mulher negra, gorda e que usava um batom cor de rosa. A mulher era grande, assim como o seu “boa tarde”. Ficou olhando-a bem de canto de olho, com medo que a mulher percebesse e que assim o encanto se quebrasse.
O ônibus recomeça a andar e a força da mulher se perde com a já conhecida paisagem. Pela janela passam velhinhos sentados na porta de uma garagem e um deles está com um chapéu preto, uma casa com um anúncio de cartomante, uma padaria em reforma, uma banca de livros velhos, um vigia de rua que parece trocar o dia pela noite, um restaurante árabe,... tudo a remete a algo. Mas não é possivel deter-se em nada. A velocidade do ônibus faz com que tudo passe rápido, mas ela, ela não quer isso, ela quer agarrar os instantes, quer uma vida alheia. Por isso pensa no ilustrador, olha pra mulher sentada ao seu lado, imagina como é a casa da cartomante, sonha com o cheiro impossível da padaria...Finalmente chega seu ponto de parada, ninguém nota que ela desceu... fica parada na rua olhando pro ônibus indo embora dentro da tarde de sábado.
O farol abre e a história do ilustrador já não a interessa mais.
Na parada seguinte entra no ônibus uma mulher que diz “boa tarde”. O “boa tarde” a impressiona, não é um “boa tarde” qualquer, é aquele “boa tarde” de quem finalmente conseguiu pegar a condução.A dona do “boa tarde” era uma mulher negra, gorda e que usava um batom cor de rosa. A mulher era grande, assim como o seu “boa tarde”. Ficou olhando-a bem de canto de olho, com medo que a mulher percebesse e que assim o encanto se quebrasse.
O ônibus recomeça a andar e a força da mulher se perde com a já conhecida paisagem. Pela janela passam velhinhos sentados na porta de uma garagem e um deles está com um chapéu preto, uma casa com um anúncio de cartomante, uma padaria em reforma, uma banca de livros velhos, um vigia de rua que parece trocar o dia pela noite, um restaurante árabe,... tudo a remete a algo. Mas não é possivel deter-se em nada. A velocidade do ônibus faz com que tudo passe rápido, mas ela, ela não quer isso, ela quer agarrar os instantes, quer uma vida alheia. Por isso pensa no ilustrador, olha pra mulher sentada ao seu lado, imagina como é a casa da cartomante, sonha com o cheiro impossível da padaria...Finalmente chega seu ponto de parada, ninguém nota que ela desceu... fica parada na rua olhando pro ônibus indo embora dentro da tarde de sábado.
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